Livro: "A perna de Sarah Bernhardt"

A perna de Sarah Bernhardt é um romance policial e uma história de vampiros, ao mesmo tempo que não é nada disso. Embora inicie o livro seguindo as regras das histórias de detetive e insira referências à literatura e à cinematografia vampirescas, o autor se interessa mais em apresentar os meandros da obsessão desenvolvida por seu protagonista, o inspetor de polícia Joseph Honfleur. O investigador acredita que Sarah Bernhardt e Greta Garbo sejam chaves para a solução de um assassinato, talvez envolvendo vampiros. O desenvolvimento e ápice dessa busca por desvendar a implicação das atrizes no caso possibilita um passeio por Paris e suas salas de cinema entre os anos 1920 e 1930. Enquanto Honfleur se encanta com as inovações técnicas e estilísticas do cinema, as condições que permitiram a eclosão da II Guerra Mundial se mostram cada vez mais claras. Esse longo desdobramento não significa, no entanto, que o caso de assassinato do início do romance não seja resolvido. O leitor ou leitora que gosta de finais esclarecedores não ficará sem respostas, mas saber quem matou ou morreu não é, de fato, o aspecto mais relevante da obra. O romance está dividido em duas partes. A primeira se passa em 1922 e apresenta os fatos em torno do assassinato de Jeanne Dupont, arrumadeira na casa de Sarah Bernhardt. A segunda parte acompanha as reverberações do caso no comportamento do inspetor Honfleur, que desenvolve uma adoração patológica por Greta Garbo. Este trecho desenrola-se entre 1926 e 1940 e cada capítulo corresponde ao título de um filme protagonizado por Garbo. Enfim, o Epílogo soluciona o caso apresentado na primeira parte, ao mesmo tempo que dá margem a outros mistérios.