No Outono de 1941, em plena II Guerra Mundial, Lisboa viu chegar dezassete vagões com maquetas para uma grande exposição de arquitectura nazi. Esta mostra itinerante foi visitada por dezenas de milhares de pessoas e agiu poderosamente sobre arquitectos e críticos. É verdade que nem todos se deixaram entusiasmar pelo estilo grandiloquente, mas, de um modo geral, a visão das réplicas dos grandes edifícios acabou por reforçar a tendência antimoderna e exacerbar o nacionalismo artístico. Estamos perante um facto político, um acto de propaganda cuidadosamente executado. Um dos aspectos significativos da recepção crítica da «Nova Arquitectura Alemã» em Portugal é precisamente o relevo concedido à dimensão política. A arte nazi parece ter conhecido uma divulgação mais ampla do que a fascista, em grande medida por ter sido decididamente integrada no esforço de propaganda do regime hitleriano. A exposição restringiu-se aos grandes edifícios de Estado, estilisticamente integráveis na categoria do classicismo monumental, e patrocinou a revalorização estética e política da arquitectura pombalina.
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Autor: Nuno Rosmaninho
