Livro: "Caio Cadeiran: E a ascensão dos amaldiçoados"

SINOPSE:

A maior parte das pessoas que conheço esperam chegar ao seus 18 anos rapidamente, pelos diversos benefícios que esta idade traz: Pode comprar bebida no bar da esquina legalmente (não que antes disso algo impeça de fazê-lo); Poder dirigir, a não ser que você more nos Estados Unidos pois lá esse privilégio já é liberado com dois anos de antecedência; mas o principal motivo é que a partir dessa data você passa literalmente a mandar no seu próprio nariz.
Pra mim não é muito diferente, só que além de adquirir todos esses direitos ainda recebo também outro: o da “INICIAÇÃO”. Pra mim o maior de todos! Mas acalmem-se não é nem um ritual para entrar para um grupo nazista, para uma seita secreta ou coisa do gênero. É que não contentei ainda um detalhe muito importante sobre mim. Não sou um menino comum que vai comemorar seu aniversario enchendo a cara com os amigos; passar a noite bebendo, numa festa que não tem hora pra acabar, passando por vários desafios juvenis sem sentido como o de beber cerveja por mais tempo de cabeça para baixo, provando que meu estomago é um barril de álcool pronto para explodir, e vai explodir; não é meu estilo. Isso se da por eu não ser popular o bastante para ser convidado para uma festa dessas. Só tenho dois amigos.
Mas enfim, espero ansiosamente por essa data desde os treze anos quando descobri que era digamos “diferente” termo usado por meus pais para explicarem que a partir dessa idade coisas que talvez eu não pudesse entender no momento começariam a acontecer comigo. Na hora imaginei que fosse a famosa “ADOLESCÊNCIA”, mas acho que isso não engloba pelos crescendo por meus braços, peito, rosto desordenados e tão rapidamente como mato depois que a chuva cai. E minhas unhas que quando pressiono o alicate para corta-las e faz aquele barulhinho convencional de unha quebrando “tacc”, porém quando olho pra confirmar na maioria das vezes foi parte do alicate que se soltou e voou pelos ares antes mesmo de proporcionar se quer um arranhão. Meus pais dizem que são os hormônios e que logo as coisas se equilibram e tudo volta ao normal. Atualmente troquei o alicate por tesoura de cortar grama, tem dado certo.
Outra vez acordei de madrugada deitado no carpete da sala de estar, apesar de me recordar de ter ido pra cama e ficado admirando a lua, que por sinal era enorme e amarela. Fiquei por alguns minutos hipnotizado olhando para ela… era fascinante. Até que senti uma dor tão grande quanto a lua que observava e acabei desmaiando ou adormecendo, não sei ao certo. Só sei que nunca senti uma dor tão forte assim em toda a minha vida, era como se todos os meus ossos tivessem sido triturados de uma vez só. Sem tentar entender muito a situação, aproveitei para ir ao banheiro coisa que faço regularmente uma vez por noite, notei que me mesmo após ficar em pé os moveis continuavam relativamente altos e eu ainda parecia estar muito próximo ao chão. Tive até dificuldade para usar o vaso sanitário como se tivesse levantando a tampa com o dorso das mãos e ao sair do banheiro tive a ligeira impressão de ter visto de relance no espelho que cobre a porta de cima a baixo um cachorro passar no mesmo instante que eu passava, branco com cinza e muito felpudo como um husky siberiano, só que umas duas vezes maior.Não temos cachorro em casa. Mas estava sonolento de mais para dar atenção a isto fui para o meu quarto, não entendo porque mas dei um ligeiro pulo para conseguir subir cama e dormi. No outro dia contei essa experiência aos meus pais mas eles afirmaram que eu devia ter sonhado!Na verdade é que meus pais demoram mais três anos para revelar que assim como eles eu era um amaldiçoado; que em minhas veias corriam um sangue impuro e que eu iria para sempre ser tachado como um monstro, como uma coisa anormal, que até o fim da minha existência carregaria em minha pele a marca da morte.
Ta, talvez não me falaram com toda essa intensidade dramática, mas foi assim que entendi quando eles me contaram que eu era um Lycan.

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