Livro: "CIÊNCIA E MODA : Convergências Inter/semióticas"

A ciência, sabemos, ocupa o centro da hierarquia epistemológica, uma vez que é fonte de pesquisa e descobertas com desdobramentos em todas as instâncias teóricas, aplicadas e/ou produtivas da sociedade contemporânea. A moda, por sua vez, um anciã de mais de quinhentos anos, evoluiu cercada de preconceitos dado que, como linguagem visual e estética, é ligada ao superficial, ao efêmero e ao contingente – além de não se arrogar o compromisso de gerar conhecimento. Entretanto, mesmo com objetivos e propostas diferentes (aparentemente divorciados e inconciliáveis), ao fim e ao cabo, verificamos que ambas as instâncias são, não apenas complementares e retroalimentadas, como juntas formam dois dos mais importantes pilares da sociedade contemporânea – sem limites ou fronteiras. Para chegar aos pontos de confluência em campos tão diversos em seus princípios, objetivos e métodos, buscamos apoio na semiótica peirceana – a teoria do conhecimento – arrogada por Charles S. Peirce que, através de sua arquitetura conceitual, dá guarida a todas as linguagens que formam o nosso repertório cognitivo, no caso, no campo da cultura. Dessa forma, vemos que as conquistas da ciência repercutem na moda em todos os segmentos da sua cadeia produtiva. A moda, por sua vez, e por isso mesmo, obriga a ciência a se atualizar em diferentes pesquisas específicas através da economia, da comunicação, da química, da física, da matemática, da tecnologia avançada, da produção de insumos, da engenharia têxtil, da fotografia, da psicologia, etc, etc, etc. Ou seja, uma retroalimentação que permite esse estudo transdisciplinar para entender o mosaico de signos que nos envolvem como seres participantes de um contexto social global.