Livro: "Entrevistando Kardec VOL. XI: VIAJANDO COM KARDEC"

Subsistência
Convenhamos que a idéia de Deus ainda permanece envolta de conceitos pequeninos, nos quais se inserem as noções do bonzinho, do complacente, do que sempre se preocupa com o bem-estar de todos. E de que esse bem-estar está na dependência direta das nossas passageiras necessidades materiais.Ah, não é nada disso, por mais desumano possa parecer-nos, já que o humano é repleto de arrependimentos, de mudanças de atitudes, de sentimentos tantos que baloiçam ao sopro de ventos. Favoráveis ou nefastos. Há amores e há Amor. Porque o amor minúsculo é mutável e circunstancial. E separa o bem do mal. E estabelece limites e estabelece distinções: de amigos, de inimigos, de familiares, de compatriotas. E quer o bem para os bondosos, e torce para que os maus sejam exemplarmente punidos. Eu só quero justiça! E outras coisas mais.Pois imagine você que o Amor de Deus traz, no seu bojo, a Dor, por um longo, consubstanciada nas suas mil facetas, dentre as quais encontramos a fome, a miséria, a morte, o estupro, os cataclismos, as guerras. Tudo, sim, tudo mesmo que as nossas mentes de corações conturbados e compungidos imaginar possam. Aliás, você já deve, pelo menos, ter desconfiado dessas verdades nuas e cruas. Tanto que está a ler estas páginas intimoratas, mas nem tanto. Posso até jurar.De modo que a subsistência, embora esteja garantida, não está garantida. Está, na medida em que a Natureza é pródiga em recursos, mesmo para os glutões. Há de tudo, para todos. E não está garantida, desde que nem sempre dispomos dos meios para locupletar as nossas necessidades. E isso, de termos ou não capacidade, o que o dispõe é o Dharma, agora nas asas do Karma. Acho até que nem preciso apresentar exemplos de calamidades inevitáveis, pois a mídia se repleta deles, dizendo que na Etiópia milhares morrem de fome, sem sentir fome, porque não se lembram de que um dia comeram. E das secas, queimando tudo. E das inundações, afogando tudo. Terremotos.