Livro: "Esforço, incerteza e o senso de agência"

Relatos neurocognitivos ortodoxos do sentido corporal da agência sugerem que a experiência da agência surge quando os efeitos de ação são antecipados com precisão. Neste artigo, argumento que, embora a antecipação bem sucedida seja crucial para o sentido da agência, o papel da previsão mal sucedida foi negligenciado, e que a ineficácia e a incerteza não são menos centrais para o sentido da agência. Vou argumentar que isso se reflete na fenomenologia da agência, que pode ser caracterizada tanto como a experiência de (1) eficácia quanto (2) esforço. Especificamente, o “senso de eficácia” refere-se à experiência perceptiva de uma ação que se desenrola como previsto. O “senso de esforço”, em contraste, surge quando uma ação tem uma trajetória incerta, se sente difícil e exige o esforço de controle. Neste caso, as ações não se desdobram como previsto e requerem adaptação contínua se forem eficazes. Proponho que, tomadas individualmente, a experiência de eficácia e esforço sejam insuficientes para o senso de ação e que essas experiências possam até mesmo perturbar o senso de ação quando ocorrem isoladamente umas das outras. Argumento ainda que um senso de agência plenamente completo depende do processo temporalmente extenso de cancelamento de erros de previsão. Dessa forma, uma conta comparativa pode acomodar tanto o papel de erro preciso de previsão e previsão quanto, portanto, eficácia e esforço.