Livro: "Metamorfoses da Cidadania"

Se a primeira metade do século passado foi marcada pela tentativa de racionalidade dos termos políticos, pensando e descrevendo o mundo por equações alinhadas entre ordem e desordem; poder e Estado; República e povo, os acontecimentos dos anos seguintes inverteram muitas das caracterizações. Os argumentos consignados pela autora, descortinam muitos dos episódios de decomposição da vida social e o surgimento de atores de nova feição, em paráfrase aos textos de Alain Touraine, não se restringindo porém na descrição do status quo. Vai além.Esse novo texto, inédito na sua integralidade, repercute problemas fáticos com valentia capaz de enfrentar conceitos e direitos maculados pela pecha de obsoletos, tais como: política, quando a economia passa a ser a razão dominante; igualdade, quando o egoísmo esnobe tipo “ostentação” é mais interessante; comunidade, quando a ausência do sentido de pertencimento é mais sedutor; democracia, quando a tecnocracia é mais eficiente…Com isso, o indivíduo “perdeu o lugar de onde podia fazer oposição, de onde podia dizer ‘Não! Não quero!’, de onde podia se insurgir: ‘as condições que me são apresentadas não são aceitáveis, não concordo’” , como bem discorre Charles Melman, falta notadamente um lugar para o debate.