Livro: "Novas Confissões da Bahia: Documentos da Segunda Visitação do Santo Ofício ao Brasil (século XVII)"

SINOPSE:

Em 1618, a Inquisição voltava a Salvador em busca de todos aqueles que, de alguma forma, fossem “culpados em erros contra a santa fé Católica”. O Inquisidor visitador Marcos Teixeira encontrara uma cidade muito diferente daquela que se deixa transparecer pelos arquivos da primeira visitação, de 1591: síntese do próprio processo colonial, aumenta-se a população portuguesa, quase desaparecem as referências aos indígenas, a presença da escravidão negra se torna constante.
O número de imigrantes portugueses, oriundos de diferentes partes do Império parece ser muito maior que a população nativa, demonstrando a alta rotatividade populacional do primeiro século de colonização do Brasil. São poucos os que, como Paulo Nunes, diziam que “nunca saíra desta terra” e que dela eram naturais. A grande maioria, especialmente sapateiros, pedreiros, correeiros, alfaiates, lavradores de cana, vêm do reino ou das Ilha da Madeira e de São Miguel, além de holandeses, espanhóis e mesmo marroquinos, formando o quadro de uma população colonial heterogênea, fundada claramente na realidade do açúcar e dos engenhos.
Os africanos escravizados, “Negros da Guiné”, aliás, cada vez mais fazem parte da realidade cotidiana. O senhor de quatro engenhos Pero Garcia, por exemplo, revelou em sua confissão que uma epidemia de varíola havia matado “mais de duzentos e quarenta escravos”, lamentando sua perda econômica. Traziam, além do trabalho forçado, sua cultura religiosa, que rapidamente se mesclava às crenças locais: em sua confissão, Pero de Moura “desconfiado dos médicos”, como afirma, “mandara chamar um Negro de São Thomé por nome Francisco Cucana […] o qual negro tinha fama de feiticeiro e estivera já preso no Aljube desta cidade por isso”.
Por sua vez os indígenas ainda eram parte fundamental do cotidiano de Salvador em 1591. A leitura das confissões da visitação daquele ano revela uma intensa intimidade de costumes entre colonizadores portugueses e indígenas, além de todo um ativo grupo de mestiços, que transitavam em ambas as culturas, realizando entradas de apresamento de indígenas muito semelhantes àquelas que tornariam famosos os paulistas. Por sua vez, nota-se em 1618 uma sociedade bastante ausente de indígenas: eles ainda participam da sociedade baiana, mas em menor proporção – como Inês e Juliana, testemunhas de um caso de sodomia do senhor de Engenhos Pero Garcia.
Por sua vez, a presença do “nefando pecado da sodomia” permanecia característica da sociedade da época: destaque para as confissões de Fernão Rodrigues – que revelou como o Governador Geral Diogo Botelho mantinha uma ativa rede de relacionamentos sexuais com outros homens da cidade –, assim como o próprio Pero Garcia: em sua confissão, o senhor de Engenho revelou que mantivera um relacionamento de tal forma estável com o mulato Jospeh, que este passou a ser conhecido por “manceba de seu senhor”.
Na realidade de Salvador de 1618 conflitos religiosos, principalmente envolvendo os da Nação, como passaram a ser chamados os cristãos-novos e os judeus (convertidos apenas nas aparências), tornavam difícil o clima cotidiano. Desde piadas aparentemente inofensivas, até atos efetivamente de ofensa à crença cristã (nas denunciações se revela que fezes humanas foram colocadas sobre uma figura de Jesus Cristo), eram perpassadas por uma realidade de vigilância mútua, fofocas, denúncias, desconfiança.
Essas confissões de 1618 nos apresentam uma sociedade viva, dinâmica, repleta de incoerências, de conflitos, de amizades e inimizades. Há muito pouco de ciclos econômicos, de exclusivo colonial, de sentidos da colonização nas páginas que seguem. Há os dramas que fazem humana a própria história. Sob o cinismo inquisitorial, próprio destes documentos, encontra-se o colorido que move a própria vida. Um colorido nem sempre alegre. Mas uma diversidade pulsante que, ao final, é o que forma a história em si.

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