Livro: "Potência Vital: O princípio de uma ressignificação moral. Como devo agir? O que devo fazer?"

Tentei forçar o passo como achava que deveria ser. O conflito do dever me inutilizou, me decepou, fiquei com a alma aleijada. Lutei contra o que eu sentia, lutei contra mim, me enfureci, me fundi à dor. Entreguei-me à resistência, revolta, autoflagelo, autotortura. Após nada mais me restar, após forjar meus antagonismos no fogo do sofrimento, só coube a mim aceitar. Aceitar minha base avessa que às vezes percebia. Isso me trouxe profundidade de ser, serenidade, vitalidade. Com a terapia, a consciência ampliada a cada sessão me ajudou a aceitar minha calmaria e meu vulcão, a me acolher. Meus impulsos vitais mais instintivos foram meu maior defeito e transmutaram-se em minha melhor virtude. Foi minha fraqueza e hoje é minha força, minha parte essencial. O que me levou ao chão foi o que me trouxe aprendizado para que eu pudesse me reerguer. Não vejo como uma afronta a minha dignidade admitir, não mais. Exponho-me a mim. Exponho-me à vida em toda minha humanidade. Me aceito!Agora tento me manter calma, sem auto-repressão, tomando as coisas pelo que elas são. Existindo liberta entre minhas dicotomias constantes. Um mar bravio, naturalmente incógnito em mim, busca a si mesmo. Ainda assim, por muitas vezes sinto-me à deriva, sendo levada por correntes invisíveis interiormente profundas. Vejo-me tateando enquanto tento traçar um curso entre minhas contrariedades. E mesmo assim, sinto que cresci! Germinei com uma força e sabedoria incomum. Autoaceitação, isso sim é liberdade! Minha maior religiosidade. Transpessoal. Transcendental. Ganhei cor. Ganhei vida. Nunca me senti tão saudável.