Livro: "SERRA PELADA: EMPEENDEDORES DE RESISTÊNCIA"

Depois de assistir a filmes e ler – ano após ano – revistas e jornais que tratam do assunto Serra Pelada e não concordar com o conteúdo divulgado, pois tudo que li e vi não traduz verdadeiramente a realidade dos fatos que levaram ao fracasso do garimpo e dos garimpeiros, senti a necessidade e um profundo senso de responsabilidade de trazer à luz os fatos que sequer foram mencionados. Fatos desprezados ou não percebidos pelos jornalistas e documentaristas, mas de muita relevância para o entendimento de todo o ocorrido durante e depois da existência do garimpo de Serra Pelada.As notícias a respeito do garimpo foram sempre dadas de forma a colocar os garimpeiros na “berlinda” e, assim, receber julgamentos diversos e desfavoráveis, sem o direito de defesa. Homens de origem muito humilde e sem qualquer instrução formal foram presas fáceis, tornando-se vítimas dos discursos dos letrados que sempre os tiveram na conta de um grupo de homens insolentes e indisciplinados. Tudo pelo fato de sempre lutarem de forma obstinada e incansável por aquilo que julgavam e acreditavam ser seu por direito. Sabotagem, traição e desprezo foram atos praticados sem dó ou piedade por aqueles a quem mais tinham estima. Infindáveis comissões de direitos humanos foram formadas por deputados e senadores que se dirigiram ao garimpo para ouvir o povo, sem qualquer resultado prático.Apesar da grande contribuição socioeconômica dada ao país na época, os garimpeiros de Serra Pelada nunca tiveram, por parte do governo, o respeito merecido. Ao contrário, o governo, por motivos meramente burocráticos, sempre interferiu de forma a prejudicá-los. Posso afirmar que tanto os governos militares quanto os democráticos foram intolerantes e indiferentes para com os garimpeiros.