Livro: "Silenciando a confiança: Confiança e familiaridade em infraestruturas de conhecimento de reengenharia"

Neste artigo, contamos a história dos esforços em curso, em diversas frentes, para construir repositórios de conhecimento digital (“bases do conhecimento”) para apoiar a pesquisa nas ciências da vida. Se for bem-sucedida, as bases de conhecimento farão parte de uma nova infraestrutura de conhecimento — capaz de facilitar modelos computacionais cada vez mais abrangentes e computacionais de sistemas biológicos. Tal infraestrutura, no entanto, representaria uma mudança marítima na gestão tecnológica e na manipulação de dados complexos, induzindo uma mudança geracional na forma como as perguntas são feitas e respondidas e os resultados publicados e circulados. Integrar tais bases de conhecimento no fluxo de trabalho diário do laboratório desestabiliza assim uma série de hábitos bem estabelecidos que os biólogos confiam para garantir a qualidade do conhecimento que produzem, avaliam, comunicam e exploram. Como a história que contamos aqui mostra, tal desestabilização introduz uma situação de desconhecimento, que carrega consigo riscos epistômicos. Ele deve provocar — para usar os termos de Niklas Luhmann — a questão da confiança: um reconhecimento compartilhado de que a confiabilidade das práticas de pesquisa está sendo arriscada, mas que tal risco vale a pena correr em vista do que pode ser ganho. E ainda assim, o problema da confiança está sendo inesperadamente silenciado. Como esse silenciamento surgiu, por que importa, e o que ainda pode ser feito forma o coração deste artigo.